quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Da terra à terra.


O trabalho de Cleo Mascarenhas é um convite à contemplação e à percepção da delicadeza. Suas cerâmicas nos remetem a bosques imaginários, passeios no parque, a lembranças de piqueniques.
A delicadeza presente em formas de folhas e flores está no olhar e no gesto de Cleo. 
Cuidadosa, recolhe as folhagens de seu cotidiano e as comprime no barro, como quem guarda com afeto uma folha dentro de um livro.
A cartela de folhagens é grande, são folhas de mamona, panaceia, abóbora, transagem, capeba, hortência, amora, uva e de mato só. São folhas do galho e do chão que depois de recolhidas, repousam sobre a argila úmida cedendo suas formas e texturas ao barro.
Seus vidrados de alta temperatura apresentam uma paleta muito particular resultado de pesquisas, observações e intuições. 
Nas experimentações agregando frutas como a amora e o coquinho aos vidrados, Cleo consegue efeitos singulares, como quem sabe imitar a natureza. Da terra à terra. 
Esse acertado plágio estético, também afirma por analogia a passagem entre o efêmero e o permanente.
A paisagem fugaz das folhas de outono, a cor da primavera, o cheiro da jabuticaba estão delicadamente eternizados em suas cerâmicas.